domingo, 27 de outubro de 2013

Por que

Cecília canta
Porque o instante existe
Canto eu
Porque sou inconstante;

Drummond verseja
Porque nascera gauche
Versejo eu
Porque não sei quem sou;

Clarice escreve
Porque não sabe o peso da luz
Escrevo eu
Porque percorro o escuro;

Pessoa finge
Porque um Poeta
Me finjo
Porque isso é meta...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Chiaroscuro

De onde eu fico
Na incerteza do clarão
Não há nada definido;

Sob o sol reluz
Alguma via em desalinho
Por onde eu vou;

A luz é, ora, fraca
E ora deveras forte
- Semáforo delicado de vida;

Qual água e óleo
Razão e Dúvida coexistem
Em minha instabilidade...

sábado, 31 de agosto de 2013

Poeminha ontológico [a quatro mãos]




(Não) Olhe o tempo:
Nele se emprega
Muito mais do que se vê.
Se a imaginação é cega
Que se tateie o pensamento...

Pois que viver é longo
E, de tombo em tombo,
Se aprende a andar
E a morrer.




*poema-diálogo, com Marcia Linda Tiburi.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Depois



No centro da mesa
Torta
Pende a natureza
Morta;

E nessas paredes
Escuras
Já não mais o verde
Madura;

No portarretrato
Uma foto
Não traz o passado:
Desboto.

Teus olhos me olham
De esguelha
Ausência me molha -
Vermelha;

Enquanto ponteiros
Se invertem
Na cama, esteiro,
Sinerge

E escorre minh'alma
Vazia
Da vida que espalma,
Esfria...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sem mais

Não quero o chão
Nem nuvens;
Não quero superfície
Ou profundezas.

Não quero mais
Nenhum [em] vão
No vago fim
Do infinito de nós dois
                          [ou mim]...