quinta-feira, 22 de novembro de 2012

inóspito

com a luz que abrasa o dia
em tudo eu vejo a poesia!
no breu da noite [mudo]
eu ouço a poesia em tudo.

se estes meus versos,
por mim, falassem
o que não cabe numa ideia
ah, quem me dera!...

mas não é a dor pungente
nem é o amor urgente
que se me derramam
na poesia dessa hora...

mas qualquer outra natureza
em que pairam incertezas.
e é lá que está a cor implícita
de mi’as ânsias infinitas!

são sombras inclassificáveis;
palavras insubordináveis
que me tomam o tom certo
por esse pálido deserto...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

[à] sombra

as gotas de orvalho,
que pingam a vida - fina e lenta -,
[sinto]
suam nos cantos das paredes quentes...
vejo meu reflexo à janela:
movo-me inquieta
neste quarto assimétrico;
nada mais se mexe.
mas sei que há,
ali,
à espera,
olhando-me,
lambendo os beiços
a fera da noite
[prestes a engolir-me... o sono].