sexta-feira, 13 de março de 2015

meus [uni]versos [lit]erários





sou barroca quando fechos os olhos
ao mistério e vejo o mundo pelas mãos
no meu declínio epicurista-pagão
sou neoclássica quando me expando
e do meu corpo nascem paisagens
e sou árvores sou terra sou mar ilha
sou romântica quando meu coração e espírito
despertam o idealismo lírico e são capazes
de morrer para serem livres e, enfim, viver
sou realista quando, naturalmente, determinada
ante os fenômenos da vida, me interpreto
na ambiguidade a mais humana hipocrisia
sou parnasiana quando equilibro meus desatinos
fazendo parcos versos decassílabos
com minha racionalidade fria
sou simbolista quando, no mais intrínseco de mim,
escamoteio a realidade sã e me eviscero dos demônios
dormentes, decadentes, na degenerescência vã
sou modernista quando, enfim, desprendo-me
de quaisquer grades e sigo na univastidão
de minha idiossincrática retangularidade