segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Blá, blá, blá!



Todo fim de ano é a mesma ladainha: das desejáveis mudanças e renovável esperança nos corações de cada um!...

Bem, eu confesso que passo os anos inteiros fazendo mudanças (internas; externas, muito poucas) e creio que muita gente também! Afinal: somos todos ‘metamorfoses ambulantes’!


Neste (quase) findo 2009 (ano difícil, ano do boi _é, esse sofre), fiz muitas escolhas, tive perdas, poucos ganhos (mas dos poucos, grandes!), vi coisas e pessoas belas e outras muito feias, falei o que devia e o que não devia (ouvi também), errei e acertei sobre os meus erros, aprendi (e esqueci muito do mesmo), li, não tanto quanto gostaria, escrevi mais do que gostaria (e deveria), sorri quando tive vontade de chorar (eu e mamily só sabemos bem!), e chorei, também, quando tive vontade de fazê-lo, enfim.


Caminhando sempre nesse fio que separa o bom do ruim (e o que seria bom ou ruim para cada um?), todos caminhamos. A verdade é que, infelizmente, nem todos ainda atentaram para o fato de que Ser é desmedidamente mais essencial do que Ter. (E, como não bastasse, há os que se preocupam com os ‘Teres’ alheios também!)


Por isso, não quero falar do Natal – a não ser que este único dia sirva e muito para se refletir sobre todos os outros 360 e tantos passados e vindouros – mas do ano seguinte, para o qual desejo (profundamente; animicamente) que o ZELO seja palavra de ordem na minha (nossa) vida! Que não nos importemos tanto com nós mesmos, ou sim, mas sem esquecer que o Outro é, também, parte de nós. Que a obtusidade plena dos sentidos se amenize. Que o(s) mundo(s) gire(m) mais devagar. Que se aprenda a admirar e se admire da aprendizagem. Que a loucura seja o par perfeito da razão exacerbada. Que o amor, por sua vez, se faça menos cego. Que as chuvas lavem mais almas; não levem. Que haja muitas primaveras. Que haja mais consciência/responsabilidade/reflexão. Que se seja menos artificial (psico e fisicamente). Que se abrace muito, muito mais! Que haja mais estrela e menos céu. Que a cada dia – e não a cada ano – tudo recomece, mas do ponto em que se parou _evoluindo. Que, assim, enfim, o ser humano seja mais, mas bem menos do que supõe Ser.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

3 poeminhas



vice-versas

quase não falo... sinto (minto)
e esse silêncio credita (debita)
tudo aquilo que minto (sinto).

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das explorações

toda palavra que morre
no escuro da mente
.
amanheceria...
claramente
.
amanhã seria...
certamente
.
amanha se ri a...
toda gente
.
à manhã se ria...
simplesmente
.
amanhã se ia
finalmente.

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entre as junturas dos ossos*

todo poema que escrevo
é – sinto – a extensão de algum outro.
como uma sombra no escuro
vagando, à procura de um corpo.

*título do livro de poesias de Vera Lúcia de Oliveira.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Linha de Sombra

“(...) Luz e sombra são instrumentos recorrentes no trabalho da artista, que os enfatiza como eixo de sua reflexão poética. Regina Silveira (Porto Alegre, 1939), que já realizou mais de sessenta exposições individuais no Brasil e no exterior, está em busca de novas formas de operar a luz como revestimento incorpóreo, capaz de transformar a percepção e a experiência de grandes espaços de forte presença arquitetônica (...), contribuindo para uma aproximação entre sociedade e bens culturais.”

Tomo o trecho acima para apresentar, de forma sintética, o que eu não poderia. Haja vista minha própria e homérica ignorância (mas que se enobrece por – tentar – fugir das “sombras” de si mesma _?) acerca do trabalho da referida artista (pintora, gravadora e professora _só?), cuja exposição fui visitar 2 vezes nesta semana.

Bem, sei eu _e todos aqui_ que não sou crítica _nem pretendo ser!_ portanto, deixo clara a intenção do pensamento (que já se vai iniciar, juro): o de que a exposição (em cartaz até 3 de janeiro, no CCBBrj) traz em si o que está, não só pr’além da luz, mas pr’além de cada um e cada coisa.



Regina Silveira lança à vista dos ‘transeuntes’ a sensação de que a Sombra _compacta; impenetrável_ é, pelo contrário, tangenciada por ela mesma e por outras sombras. (Ok, caí no limbo de minha própria ‘deslucidez’ diante do que vi!). Redizendo... A artista propõe um prolongamento das ‘coisas’ vistas; sem permitir, no entanto, que estas coisas se apresentem como elas mesmas (?). SAPeando: Isto é: a Sombra, que é “uma ausência parcial de claridade provocada por um corpo iluminado” (Alejandro Martín e José Roca – curadores), ganha ‘vida própria’; um novo corpo a partir do qual se estende, porque é apresentada, algumas vezes, a partir de um que não existe (ao menos, concretamente).


Regina nos conduz a uma apreensão de realidade que, na verdade, não se encontra nela mesma. A artista revela o que há “por trás das sombras” (o que seria o corpo) como aquilo que se nos apresenta de forma tão sutil e/ou subjetiva, que nem mesmo a claridade da luz nos poderia revelar.









Enfim, a exposição é um convite à “multidimensionalidade” da imagem (e de nós mesmos); numa proposta _a meu ver_ de reflexão sobre o mundo e mais aquilo que não supõe a nossa vã filosofia. E o post, aqui apresentado, é uma sugestão aos que quiserem/puderem ir averiguar e, por si sós, sentir o que melhor lhes convier.