Em questão de prosa...




Ponho assim de reverso esse título para não chamar muita atenção (será?), 1) porque me dá uma impressão de nome científico, um tipo arqueológico, sei lá, e 2) porque só de pensar na palavra re-la-ci-o-na-men-to, quase tremo mesmo. E não é de excitação, não, ou de medo (disso, talvez um... muito). É que há nela, com todas essas sílabas, um emaranhado; uma teia cujos (des)enlaces soam-me quase fatais. 

A sensação exata, direi, é desespero. Imagina quando alguém menciona a tal palavra acompanhada desta outra: in-ter-pes-so-al. Bom, para começar, relacionamento É um ato interpessoal!, então fica redundante dizê-lo Mas... a questão mesma é a seguinte: Certa vez, uma amiga me disse uma verdade que pareceu absurda (oh, eis um drama histórico-filosófico: a Verdade!). Disse-me que o foda o pior de estar com alguém é ter de estar com um mar de gente junto, isto é, casar com ou namorar alguém implica agregar todo o pacote. É como comprar algo em cuja nota ou contrato vêm aquelas informações de rodapé, em letra miúda, que ninguém lê. Então, família, amigos, colegas de trabalho e bichos de estimação (mais uns fantasmas, tranqueiras e manias desagradáveis) compõem esse rol. E é um verdadeiro pé no saco! 

De qualquer maneira, conheço quem "não sabe" viver sem estar com-pro-me-ti-do (essa palavra também é tensa) com outrem e se entrega de tal maneira, que eu acho de uma coragem e maturidade (?) incríveis; também conheço quem prefira estar só e de vezenquando ficar com um(a) aqui, outro(a) acolá (e não é algo típico adolescente), mais por conta de liberdade e aquelas coisas de que o Ser Humano acha que dispõe, do que por falta de coragem ou maturidade. Ok, tudo muito natural: ser humano é isso. 

Nenhuma das opções anteriores, todavia, alguma vez, serviu-me de paradigma para optar ficar sozinha (e quando quero ficar só, eu quero mesmo!) ou com alguém (já disso eu não tenho tanta certeza). E, claro, questões como casualidade (destino?) e/ou carência tiveram seu espaço. No entanto, TODA vez que estive em um otnemanoicaler com alguém, eu vivia me indagando: o que eu espero disso? O que essa pessoa me oferece e vice-versa? Por que estou com ela (porque só Amor não basta: somos bem mais complexos que isso)? E nem sempre consegui responder, o que acabava me/nos levando ao fim... sempre doloroso. 

Aos trancos, consegui enxergar que essa nunca foi a resposta (ao menos, não a que eu queria), mas será que não responder e seguir sem "antecipar" o fim são a questão? Algum dia pararei de me indagar? Algum dia terei nascido (de novo) para isso? Desespero. Eis a minha questão.

3 comentários:

Helena Rita disse...

Compartilhei e compartilho, não só no face, mas também dos pensamentos e dúvidas...

Fabrício César Franco disse...

Minhas perguntas sobre o assunto são: será que somos talhados para o relacionamento? Ou será que passamos, vida inteira, a nos conformar e nos burilar para estar num deles (afinal, são tantos!)?

Beijo!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Franco, querido,
acho, sim, q nascemos (fomos talhados) para ter relações, somos gregários em existência, mas tb tão sós, em essência...
Tlvz essa 'busca' por relacionamentos queira amenizar esse paradoxo humano, mesmo q o outro - de certa forma - exija tanto de nós quanto nós de nós mesmos...
Só arrisco. Difíceis msm essas questões. Vivo nesse limbo de tentar entender ou, ao menos, não esperar respostas exatas.

Beijo grande