Não tenho o hábito de ir a exposições acompanhada: a) porque, infelizmente, são poucas as pessoas que têm o prazer de fazê-lo; b) ou meus horários vagos não coincidem com os seus; c) e, principalmente, porque meu voto é direcionado à solidão – que deve ser compreendida como queiram.
Na passada semana, no entanto, fui ao centro da cidade reencontrar uma querida amiga (Camilinha), que não via há duzentos anos – ok, há um ano, aproximadamente; mas a saudade era bicentenária! E, aproveitando nosso ‘eclipse’, fomos ao CCBB e deparamo-nos com a transcendental exposição de Rebecca Horn.
Não sei se por pura alegria do encontro ou porque quarta-feira é um dos meus dias preferidos, mas fui espirituosamente inspirada pelo que vi(vi). A “Rebelião em silêncio” manifestou-se em mim, de tal maneira, que estive uma tagarela de primeira – o que não é meu hábito. Contraditório (?), talvez. A verdade é que, apesar do silêncio da exposição, os sons (em muitos hertz metafísicos) proporcionados pela mesma nos invadem a alma, ainda que pelos olhos...
O lúdico jogo, entre Palavra e Risco – imagens–, traçado pela artista, é algo que nos cinge de forma indescritível, porque deveras inquietante – dilema? O sensível torna-se-nos incômodo; fato, inevitavelmente, vivenciado frente aos vídeos, lá, expostos. Como, por exemplo, um no qual aparece uma mulher usando uma máscara (a la Hannibal!) ornada de vários lápis; e tudo que ela faz é girar a cabeça, de um lado a outro, sobre uma parede, riscando-a, riscando-a, riscando-a... quase infinitamente! (E porque música é arte, pensei em Spandau Ballet: “This is the sound of my soul...”)
Percebi que poucas pessoas permaneciam por mais de 2 minutos nas salas de vídeos. Quando fui pela segunda vez (ah, confesso que precisava ir sozinha! rs), assisti a um filme por uns 40 minutos, e nunca acabava também! Mas tudo que consegui captar, ali dentro, além da primeira vez – quando cheguei, por exemplo, à conclusão (genial, modestamente!) de que um pênis ao telefone tinha, sim, sentido: podia-se entender como “falo ao telefone” – era muito pouco em relação ao que me despertou a ver do lado de fora:
Uma rebelião silenciosa gritava em todos os cantos. E eu era só mais uma alma, perdida entre o gregário e solitário desenho de (vi)ver – um enorme risco na superfície da vida.
*Uma lástima não poder mostrar fotos (no Google tem bastantes); mas ainda vou tirar umas na ‘clandestinidade’. ^^
21 comentários:
Rs. Adorei compartilhar isso com você! ;)
Assisti a exposição duas vezes, pude sentir o mesmo prazer que você descreveu.
Quanto ao pênis no telefone, eu havia levado a uma interpretação próxima ao canabalismo, analisando aquele folder que pegamos e a obra como um todo. Lá é explícito o desejo de comer a arte e ser " comido " por ela. É basicamente a mesma interpretação que se tem ao ler Macunaíma, por exemplo.
É isso... não tenho a mesma sensibilidade que você para analisar as coisas! ;)
Beijos, Flor! <3
e eu, com vc! ^^
taí!
falocentrismo e canibalismo: uma relação devoradora! rs
adorei, florinha!
beijobeijo
(L)
Rafaela,
Compreendo o voto, e compreendi a leitura-visão.
Camilinha estava bem acompanhada.
["E eu também!", dirá vc!].
;)
capisco.
querideza,
sinto-me muito bem acompanhada - inclusive à distância. ;)
sou uma pessoa 'sozinha' [em geral], pq seletiva.
beijobeijo
Queria tanto-tanto que as pessoas que fossem a essas exposições tivessem a mesma visão... ou, no mínimo, a mesma consideração no que se refere a essa solidão necessária diante de tão barulhentas manifestações.
Beijo
lindamada,
o melhor é que os encontros - anímicos e físicos - sempre têm um sentido maior: serem o próprio sentido!
:)
bjobjo
Intenso!
Adorei!
querida amiga,
deu vontade de ir também, deu vontade de ir além desse meu contato somente virtual com pessoas-coisas-vidas que venho mantendo.
A vontade nascida já é um começo, não acha? Um dia chego lá, por enquanto vou aqui te dizendo do meu carinho e da minha vontade de dizer que você é linda-pessoa-nesse-mundo-doido.
beijos
Cynthia
Rafinha,
postei algo pra você no sol.
beijos.
Caliginoso,
q bom vc por aqui novamente! =)
um beijo
.
Rebeca/JC,
obrigada pela visita!
volte sempre q puder/quiser.
;)
.
amoramor,
se nos nascem tantas coisas...
q se nos floresçam tb!
beijobeijo
Querida,
reproduzo parte do escrito para Mar e para Ta.
Vê, também é pra você:
"tenho deixado de cuidar das sementes, né? eles não morreram, eu sei, pois sabem perdoar a ausência de água.
escreverei sobre isso no blog, um pedido de desculpas, uma maneira de aliviar a culpa…
beijos, minha querida e inspirante amiga.
quem ama mesmo, imprescindivelmente, perdoa...
:)
ADOREIII o novo visú, nega!!!
Bjks
PS: O post tbm está lindo, claro.
NINJA! [me-do!]
tava aqui, agora, fazendo isso... =P
beso
o/
Rafaela,
Senti um pouco da sua satisfação ao falar da exposição. Quando gostamos verdadeiramente de algo e temos a oportunidade de conhecer um pouco mais, fica aquele gosto de felicidade.
E lá no Néctar temos amor que cultiva a Flor.
=]
Espero não perder contato, viu?
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
E todos os amores são lindos!
*-*
Outro beijo, menina linda.
Rebeca
-
Rafaela,
Que bom que aprendeu a deixar o link no Echo, assim fica mais fácil, viu? Porque se alguém tiver esse sistema de comentário, não precisa fazer tudo novamente, já fica gravado.
Você que é uma fofa!
=]
Outro beijo, menina linda.
Rebeca
-
Rafaela linda,
Que bom saber que o número 7 é seu número da sorte, bacana isso. Olha, agradeço de coração a sua presença lá no blog e com palavras tão carinhosas.
Você é um amor!
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
eu entendo dessa necessidade de solidão.
queria ver também...
bjo-bjo.
amo!
faz parte de nós, né?
devias, devias vir/ver! o/
(L)
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