quarta-feira, 27 de junho de 2012

Prótese ou Outra coisa existencial


Olhar a folha em branco é demasiadamente mais do que o clichê da busca pela inspiração ou o fato da ausência dela. A folha, ocasionalmente intocada, é a hiperatividade do pensar - a marcha ensandecida de palavras [como flashes] sobre um chão silenciado. As mãos esperam. Suam. O peito arfante, ventilando, suscita aos olhos pranto. E, de repente, nada... nada!, além daquele instante, existe. E um véu de incompreensão e insatisfação e raiva envolve o entorno... Por quês, para quês, são todo o [ir]raciocíonio lógico. E a folha se preenche, pois, de um absoluto sem-sentido. E as silhuetas da palavra - fora - já não são - nem longe - aquelas que - lá dentro - [in]stavam.

5 comentários:

Bruno de Andrade Rodrigues disse...

Estilisticamente belo o trecho "marcha ensandecida de palavras sobre um chão silenciado". E você conseguiu, com a sensibilidade e talento que lhe são peculiares, romper esse silêncio. Também resolveu o descompasso entre o fora e o dentro. Atendeu à urgência das palavras com opulência semântica na brevidade da forma. O que me impressiona, particularmente neste texto, é o ter conseguido a largueza e profundidade do sentido nos limites rigorosos que a ocasião impunha á forma. Poucas linhas, amplitude semântica. O visceral da linguagem está aí, nesse confronto, em que o sujeito do discurso se debate contra a escassez, ou, como bem define, evitando fazer eco a clichês, contra a "hiperatividade do pensar". Os hiperativos necessitam de uma reeducação por um tipo especializado de acompanhamento... Em nosso caso, há um custo nisso... vale mais enfrentar essa hiperatividade do pensamento com palavras pensantes, economicamente distribuídas na abundância do sentido!

Tenho prazer em vir aqui para (re)lê-la!!!
Beijos!

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

... Ainda que seja de outro material a página em branco, nesses tempos de teclas e 'bytes'. A angústia e a lavra são as mesmas.

Um beijo!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

vcs...
sempre tão queridos, tão profundos, enriquecedores...

eu: muito grata.

beijos!

Wanderly Frota disse...

O branco as vezes no mostra tanto. Mostra o que, porventura, ficou preso lá no dentro!

Lindo, Rafaela!
Fiquei!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

sim, por sorte, há sua claridade!
[ou clarividência...]

obrigada pela leitura!