Duas irmãs. O casamento de uma delas, "bancado" pelo riquíssimo cunhado. Conflitos familiares ao longo da festa. Melancolia. Traição. Separação. Melancholia. A Gruta Mágica. O Fim do[s] mundo[s]. Assim se resume - sem menoscabar, mas por medo de tocar o brilhantismo intangível e para evitar desvelo - o último longa, obra-prima expressionista, do cineasta Lars von Trier.
O cenário é praticamente único: um castelo europeu - um "mundo" [de luxo] onde os dramas se arrolam sitiado por realidades praticamente ignoradas; a espera da espetacular passagem de um planeta azulado [Melancholia] pela Terra; o medo de Claire de morrer e o descaso de sua irmã recém-casada-separada, Justine, por viver.
A música que permeia todo o filme também é única: Tristão e Isolda, de Wagner - a mais perfeita expressão de angústia e sei-lá-mais-o-quê; capaz de dublar quaisquer diálogos e arrebatar os mais insensíveis ouvidos.
Na trama plena de simbolismos, o que une e sugere a ideia de mundos está na manifestação do interior das personagens refletida no espelho do mundo exterior. Ou seja, Melancholia, Terra e a Gruta Mágica [abstração do pequeno filho de Claire para salvarem-se do inevitável Fim] são, metaforicamente, eles mesmos.
O casamento - início de uma nova vida - é o primeiro dos Fins, pois que não dura mais que um dia. A constatação do possível choque do planeta azulado com o planeta azul, a Terra, é o maior deles. Eis [numa premissa um tanto pessimista] a inescapável Melanc[h]olia - mal-estar de uma civilização sem forças nem muitas razões para [sobre]viver - a engolir o planeta; dando-se, pois, o Fim do Mundo.
Assista ao trailler aqui.
5 comentários:
\o/\o/
Justine, minha heroína!
(assim como tu és!)
beijo-pulo.
(L)i.
Considerações pós-releitura:
Interessante pensar na fraqueza de um castelo, tão solene e 'forte' (e frio) versus o poder da "gruta mágica", tão tênue, e no entanto... o único lugar capaz de "resistir" ao fim, pelos laços que engendra.
... O fim vindo pelo encontro com uma planeta "irmão", azulado...
A música de Wagner, de fato, "dubla" qualquer possibilidade de diálogo por meio-de-palavra.
"Melancholia, Terra e a Gruta Mágica são, metaforicamente, eles mesmos." Éeee!
Ainda que pessimista, a premissa de Von Trier é repleta de sentido... ainda que um sentido no absurdo (e porquê não!).
= )
coisamaismaravilhosa q eu pude ver no cinema; e tudo isto junto contigo!!!
:')
obrigada pelo olhar acrescentador!
beijo.pulo.amor.
Hum, Rafa!
Preciso ficar mais perto de você, pra ver se absorvo, pelo menos, um pouquinho dessa inteligência e desse brilhantismo!
Do seu amigo-admirador eterno.
Wall
meu amigo amado,
saudade de vc!
um beijo!
e na minha "pacotinho" tb! >.<
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