os poemas são silenciosos
riscos
– voos inscritos pelo céu escuro;
asas presas na armadilha d'uma aranha...
mãos que espantam pássaros
nunca hão de tecer teias:
o que escrevo são galopes!
os meus lábios, ferraduras
que penduro atrás da porta,
onde ninguém lê.
a lua
é uma sintaxe musical – serenata às janelas –
que tão poucos ouvem.
do seleiro da noite,
ouço os sons de cada letra minha
– um corcel de punhos!
rolam fenos assilábicos
nas bóreas do horizonte sombreado à neblina...
e a égua da manhã
relincha na esplanada,
arriscando as linhas
que eu cavalgo no dorso do dia.
"Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é.
Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem [...]
tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo:
come às vezes na minha mão."
C.L.
3 comentários:
a poesia liberta a linguagem. E a maneira como explora a sintaxe e a semântica, como combina forma e significado é fantástica (desculpe-me o lugar-comum, mas não encontrei outro forma de expressar minha admiração pelo seu talento)
Beijos carinhosos!
lindona,
"corcel de punhos..." linda metáfora.
ACredite... eu acabei de postar algo, antes de ler o seu aqui, e olha: há sintonia. Que bom que há.
beijos,
coisalindasdeminhavida,
eu sou muito grata por suas leituras!
mil beijos
=)
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