terça-feira, 21 de junho de 2011

a-risco


os poemas são silenciosos
riscos
– voos inscritos pelo céu escuro;
asas presas na armadilha d'uma aranha...

mãos que espantam pássaros
nunca hão de tecer teias:
o que escrevo são galopes!
os meus lábios, ferraduras
que penduro atrás da porta,
onde ninguém lê.

a lua
é uma sintaxe musical – serenata às janelas –
que tão poucos ouvem.

do seleiro da noite,
ouço os sons de cada letra minha
– um corcel de punhos!

rolam fenos assilábicos
nas bóreas do horizonte sombreado à neblina...
e a égua da manhã
relincha na esplanada,
arriscando as linhas
que eu cavalgo no dorso do dia.


"Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é.
Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem [...]
tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo:
come às vezes na minha mão."

C.L.

3 comentários:

Bruno de Andrade Rodrigues disse...

a poesia liberta a linguagem. E a maneira como explora a sintaxe e a semântica, como combina forma e significado é fantástica (desculpe-me o lugar-comum, mas não encontrei outro forma de expressar minha admiração pelo seu talento)

Beijos carinhosos!

sopro, vento, ventania disse...

lindona,
"corcel de punhos..." linda metáfora.
ACredite... eu acabei de postar algo, antes de ler o seu aqui, e olha: há sintonia. Que bom que há.
beijos,

Rafaela Figueiredo disse...

coisalindasdeminhavida,
eu sou muito grata por suas leituras!

mil beijos
=)