sábado, 4 de dezembro de 2010

jan[ela]*



"(...) rabiscava num caderno velho:

'quando eu nasci,

nem um anjo veio-me dizer:

vá ser gauche também você!'

súbito: de asa a asa, aleatória e delicada, uma borboleta transpõe a moldura da janela; entrando em meu quarto. [fugirá da chuva? uma borboleta a estas horas?!]. não direi que é de uma beleza inefável, como se costuma referir a um lepidóptero, porque imediatamente lembrei-me do que costumava ouvir sobre esta espécie – de olhos desenhados nas asas – quando era pequena:

minha avó acreditava e dizia-me que a pobrezinha trazia a notícia ou o prenúncio d’alguma morte – um agouro. e eu ficava [e ainda fico] a supor que aqueles arregalados olhos em suas asas eram, justamente, o avesso do que abarcaria sua visita: que se enquanto alguém fechava os olhos, suas frágeis asas se abriam para o tempo, em nossa comum efemeridade, anunciando que outro alguém também abria os seus para a vida.

talvez, talvez... meu anjo fosse aquela pequena borboleta. e eu nunca saberia."


*trecho de conto meio inacabado.

5 comentários:

Tê disse...

Cada um tem o Anjo que merece!! rs Bjks

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

rsrs
ainda bem que o meu pode ser uma brabuleta! :D

beso =*

Emanuelle disse...

Eu A-DO-RO esse seu jeito de escrever!!Parece um "conto meio inacabado", mas pra mim, é uma crônica acabadíssima!!Pois é muito difícil de escrever (uma crônica realmente boa). É uma pena que nossa editora não financia livros de crônicas, contos ou poesias (porque não tem muita venda, infelizmente).Com certeza investiríamos em você.Beijosss da Nue.

Emanuelle disse...

Ahhh...nunca lhe mandei o site para uma visita: http://www.todapalavraeditora.com.br/mas ele vai ter cara nova daqui uns dias.

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Nuelinda!
sou só sorrisos, com elogios vindos de alguém feito você... =)

beijão