segunda-feira, 29 de junho de 2009

[In]compreensão



Aquilo a que chamam Deus
Não me deu poder de fala:
Silêncio grita intermitente (em mim)!
E só eu posso ouvir...
E ainda assim não sei dizê-lo.
Arranha-me por dentro;
Amputa-me por fora;
Restringe-me à solidão.
Solidão que não é má e nem é boa.
Solidão que me acompanha
- Predica-me.

Às vezes, me arrisco; falo um pouco
(Mas é só para mim)
- E não me entendo.
Se um dia meu silêncio se calar, porém,
Todas as palavras eu hei de falar!
E não poderei nunca me entender também.

2 comentários:

Constantin Constantius disse...

Oi Rafa!

Gostei da poesia... lembrei do que chamo de Inefável... há coisas que ficam aquém das palavras... ou que vão além delas... seja o antes, seja o depois do Verbo, ambos são Inefáveis...

Somos esta dualidade estranha de Sentimento e Intelecto... E o poeta é uma ponte entre estas duas esferas... Pois tenta conectar as duas realidades...

Beijosssss!

Anônimo disse...

Rafa, até calada vc arrebenta!
Ao ler seus poemas, me transporto para os mais variados campos do conhecimento: a literatura, a medicina, a gramática, o desconhecido...
Que ótimo uso de oxímoros é esse! "O silêncio grita..." Demais!
Todos os versos, todas as palavras muito bem escolhidas; se não as escolheu, foi altamente inspirada.
E ainda fecha com chave de ouro: "Se um dia meu silêncio se calar..."
Só Deus poderia te dar um dom assim!
Obrigado por existir e ser minha amiga.
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