
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
a última teoria
sábado, 4 de dezembro de 2010
jan[ela]*

"(...) rabiscava num caderno velho:
'quando eu nasci,
nem um anjo veio-me dizer:
vá ser gauche também você!'
súbito: de asa a asa, aleatória e delicada, uma borboleta transpõe a moldura da janela; entrando em meu quarto. [fugirá da chuva? uma borboleta a estas horas?!]. não direi que é de uma beleza inefável, como se costuma referir a um lepidóptero, porque imediatamente lembrei-me do que costumava ouvir sobre esta espécie – de olhos desenhados nas asas – quando era pequena:
minha avó acreditava e dizia-me que a pobrezinha trazia a notícia ou o prenúncio d’alguma morte – um agouro. e eu ficava [e ainda fico] a supor que aqueles arregalados olhos em suas asas eram, justamente, o avesso do que abarcaria sua visita: que se enquanto alguém fechava os olhos, suas frágeis asas se abriam para o tempo, em nossa comum efemeridade, anunciando que outro alguém também abria os seus para a vida.
talvez, talvez... meu anjo fosse aquela pequena borboleta. e eu nunca saberia."
*trecho de conto meio inacabado.