quinta-feira, 30 de abril de 2009

Incompreensão


Que peso é que tenho
Em minhas costas?
Que lágrimas são estas
Que enxugo?
Há quantas perguntas
Sem respostas?
O que fazer para se viver
Por este mundo?

Os gênios estão mortos!

Carrego todo o mundo nas mãos
E toda água nos olhos enxutos;
Não sei o que me pesa nas costas
Quiçá esta incompreensão de tudo...



O ano acaba aqui: Abril:

..., ... mp4 furtado; celular roubado (30/04); namoro de uma amiga rompido (30/04); avô de outra falecido (30/04); assalto à mão armada na vizinha de uma terceira (30/04); gripe suína se expandindo; notícia de hipertensão em minha mãe...
Olha, não tá dando, não. A gente fecha os olhos para não ver, mas a vida belisca/ bota o pé na frente/ nocauteia, já no quarto round. Não tá dando mesmo!
É preciso "apontar pra fé e remar"?! Vou acabar me jogando nesse mar...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

*Exílio


Como de costume, mais um causo ocorrido no ônibus, voltando da faculdade... Chuva; eu de havaianas; semi-ensopada... Confortabilíssima! E não mais variável: vinha mergulhada em minhas leituras, que não as obrigatórias (essas deixo para cima da hora), mas as prazerosas, que me não exigem tempo final de término ou muitas anotações reflexivas.

Não mais variável ainda, entra um sujeito a falar em “bom” tom, pedindo desculpas pela interrupção do silêncio da viagem (como se isso adiantasse algo, de fato!) e algum tipo de “esmola” a fim de pagar sua passagem. Em seguida, vem a história triste, sob o sotaque cantante, que logo reconheço...

“Meu nome é Luis, tenho 53 anos, vim de Passo Fundo/RS (!) e cheguei aqui no Rio, cidade grande, com muitas expectativas, mas logo fui recebido por uns assaltantes que levaram todo meu dinheiro, com o qual pretendia me manter por um bom período...” Etc, etc, etc. Pensei: Que r[d]ecepção, meu Rio! Cadê aquela hospitalidade de que tanto falam?

Logo que alguém se precipitou a pagar a passagem do sujeito, e que ele passou a roleta, mais um pouco de história sobre a fome e a dificuldade de emprego, etc, etc, etc. Eu, com o “Rio Card” da minha tia; umas pratinhas na carteira; nem me prontifiquei. Rosto de piedade e, no fundo, matutando: Daqui ele sai, desce no próximo ponto, entra em mais um ônibus, conta a mesma história, tem sua passagem paga, ganha mais uns pela referência à fome; reticências.

Então, um passageiro bonifica-o com uma nota de vinte reais (vinte!) e completa, quase que lulísticamente: “Aqui, companheiro. Também passei por isso e entendo tua situação...” O sujeito agradece e Deus abençoa o caridoso umas mil vezes e ele passa por mim com sua bolsa encharcada de chuva; bate com ela na minha cara e joga minha (falsa?) expressão piedosa no chão e se vai por aí a fora.

E eu penso: Que Exílio, meu deus...



*Leitura referida: LUFT, Lya. Exílio.