Com toda dificuldade de transcrição...
Por muitos anos, quis que as pessoas fossem para sempre [bobagem: somos todos efêmeros?]... Para sempre na vida, aquelas que entraram nela. Não no sentido de permanecerem na lembrança, porque todas permanecem, até as que se vão. Mas no sentido de Verdade – se é que o termo filosófico distingue bem isto – porque e como aquilo que transforma... Quando o zelo é natural e presente entre elas; quando suas piadas bestas nunca perdem a graça; quando a máxima ”eu te amo” não se torna gasta ou banal ou meramente um propulsor para um “eu também”, mas um modo sincero e carinhoso de revelar: você significa muito para mim; minha vida é mais colorida e valiosa com você; há uma parte sua em mim, que ainda que eu não saiba dizer o que é exatamente, ou desconheça tanto ainda sobre sua pessoa, me traz a certeza (ou a sensação, que é o que vale) de que sou bem mais completa! E que, apesar disso, sempre haverá espaço para um pouco mais de você e de outras pessoas que ainda virão.
Por isso, uma escolha que fiz (a qual não ouso afirmar ser a melhor: cada um é cada um) é a de que (uma que já disse por aqui), apesar de saber que o “pra sempre, sempre acaba” (e o quanto isso doa – ser humano é isso, afinal!), tudo aquilo que um dia chegou, brotou, desenvolveu, modificou... me fez ser esse alguém melhor e não é, definitivamente, o melhor do que alguém, mas o melhor do que eu mesma o fui outrora. Dessa forma, embora com toda a saudade que lateje (e ainda bem que sim; isto significa que algo/alguém houve e a causou), compreendo a minha limitação – dentro da qual tudo, de bom e de ruim, acontece – como, paradoxalmente, aquilo que tenho de inesgotável: o vivido (ou vívido) sentimento. Porque isto, sim, nunca acaba e é, pois, a única coisa que me salva quando tudo o mais termina.
Que isto não seja, de maneira alguma, uma supervalorização do outro, mas um reconhecimento. Que não uma simples repulsa a tudo que há de supérfluo na vida [quase tudo o é?], mas uma forma de (auto)evolução/avaliação. Que você não concorde também, pois é importante, mas respeite como eu respeito aquilo de oposto que tanto lhe apraz.
É bom lembrar-se, porém, de que o que o outro lhe representa pode ser justamente aquilo que você, um dia, lhe causou.
Um beijo,
com 'férias' para o espaço mudandoeuvou.