quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um Dia Outonal de Primavera

Brancas

Braças para o alto

Enfileiradas...

Por trás do gradeamento arbóreo

Dedos em gotículas dispersas:

Longos, médios, ínfimos...

Espargindo em risadas infinitas

Cócegas benditas – a jorrar.

Em tom mesmo; em ritmo inalterável:

Risos com som de mar.


Quiçá não dançariam?

Bailarinas ritmadas, alvas faces, risonhas...

Pontuando sinfonias

De algum caro gênio

Que eu não sei sequer dizer-vos quem...



E o mundo, ao redor, estático:

As pequenas selvas,

A meus pés, sem respirar;

Nuvens cinzas, carregadas,

À cabeça, a pairar.

Vez ou outra, apenas, uma folha ressecada

Caía de um galho fino

E nós todos, ao balé risonho, assistindo

Em gesto fixo...


Pobre, pobre alma

Tão tristonha

A contemplar esta galhofa-chafariz,

Enquanto se esquece...

Enquanto vê se esquece

De que mesmo que chora.


*Imagens: "Praça da Yoga" [nomeada por mim], aos fundos do Shopping Downtown.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Cotidiano




Amanhecia. O céu era branco; havia neblina; a chuva fina de final de inverno acompanhava um sem-número de cidadãos, que, cedinho, iam para o trabalho; as buzinas, quais despertadores, a reverberar nas ruas cinzas, próximo ao Maracanã, onde dezenas e dezenas de pessoas caminhavam e corriam, cíveis _e impassíveis.

Ainda que fechada, pela janela _um tanto baça pela chuva a lhe escorrer_ ela era vista. Em contraste àquela movimentação urbana, ela arrumava, calma, a cama. Esmeradamente. Apanhava cada ponta da coberta de uma cor indefinida e dobrava, dobrava... lenta.

A alguns passos dela, três pequenos, de idades bem aproximadas, a observavam com a passividade de felinos preguiçosos à espera de uma oferta maternal de leite. E ela: a dobrar, a dobrar...

Abre-se o sinal. Pela janela baça do ônibus, eu vi: a coberta de uma cor indefinida _já tão suja_ junto a folhas de jornal e papelão; o olhar grave dos [prováveis] filhos _filhotes famintos_ sob a marquise, a protegerem-se da chuva aguda... Mais um dia na calçada do Maracanã; por passantes corredores governantes deus (?!)... como se não fosse vista.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Música e Volume



[Ouvindo e duetando Calcanhotto]
Nota: Sexta-feira: dia de arrumar a casa etc – tava tudo muito bom, quando...

Tem gente que consegue, numa boa, ouvir música em “som ambiente”. Eu não sei de que se trata! Ah, que o digam meus vizinhos!...
Quero saber quem que resiste????? Cantar em alto e bom som: “Eu prefiro seeeeeeeeer essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tuuuudo...” [Apesar de ele preferir o DO QUE ao A! Quem é que liga? É Rauuuul!]

E aquela, da Calcanhotto, que nos dá uma vontade de sair por aí com o fone no ouvido, esquecidos de todo o resto????!!!!! “Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome: cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores...” [Apesar da substituição do pronomezinho CUJO, que deveria estar, bem ali, em vez do relativo QUE. Mas é fato que não cabia! Imagine só: “Prestando atenção em cores cujos nomes não sei...” Pelamor, né?! ¬¬’]

E ainda aquela outra da Ana Carolina: “Que distância vai guardar nossa saudade? Que lugar vou te encontrar de novo? Fazer sinaaaaaaais de fogo... Pra você me veeeeeer!” [Quem repara a falta da preposição EM antes do QUE, para seguir a regência??? Isso não é nada!!!]

Eu sempre discuti o uso do alto volume. [A favor, claro! Se não for funk/axé/pagode/sertanejo/techno/e afins, por mim, tudo bem!]
Bom, antes “probleminhas” de regência, que... “Vem que vem que vem quicando”!!!
Se bem que... notemos: que bonita aliteração temos aí, hein?!

Mas toda essa história só para dizer que o pior de tudo é quando se chega àquela melhor parte da audição, na mais alta das empolgações: “Eu perco as chaves de casa!!! Eu perco o freiuuuuuu!!! Estou em milhares de cacacacacacos... Eu estoutoutoutou ao meio....” E descobre-se o CD arranhado bem na música preferida. É como ficar, realmente, sem chão; pela Metade. “/
Agora, vou ver se me recomponho...

domingo, 6 de setembro de 2009

Esquizofrenia II




Como o Poeta, um dia, o quis
Quisera eu me arrumar a vida!
(Jogar fora todo resto...)
Eu, sempre a remar contra a maré,
De encontro aos paradigmas
Já tão cristalizados –
Raízes sob os pés de todo o mundo;
Eu, que sequer sei como arrumar
As próprias intenções,
Pus-me a fazer as trouxas
Que haviam de abarcar minhas maiores
(Des)ilusões...

Cantarolando versos
Mui pouco conhecidos,
Me fui perdendo os gestos
– Já quase indefinidos...
Jogando sobre as costas
O império de incontáveis trouxas,
Não soube aonde ir!
Ai, tantas delas não suporto;
Meu físico: menor que a ânima,
Fragílimo...

Pensei: Meu Deus! Pra onde?!
Se ao menos as palavras
Se me fossem a fuga grande...!
Mas não: dementia praecox
Minhas ideias abortadas...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

2 em 1


HAIKAI XXVI

Reis e rainhas

Por ondas, banhados,

São destronados.


[É um recado pro meu pc q tá se achando o rei-da-cocada-preta! Stress 1000! ¬¬]

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F: Poxa, tô sentindo falta de ir ao MAP. Sábado iremos sem falta!

M: É verdade. Eu também.

F: O remedinho fitoterápico pra memória ‘tá começando a fazer efeito (eu sinto!); preciso agradecer por isso aos espíritos benignos e aos passistas, claro!!! rs


(...)

Vendo novela [Teste]:


M: Como era mesmo o nome desse menino, naquela novela não-sei-qual do outro canal?

F: ????? [Uhum, entendi tudo!]

M: Esse ali, ó!

F: Ahhhh... Orlandinho. Por quê?!

M: Caraca, hein?!

F: Falei... ‘tá fazendo efeito! ;D

M: Nossa, se continuar tomando então... já-já se lembra até da vida passada!



[PS: Não há nenhuma relação entre ambos! Só pra constar... rs]